Volta e meia alguém me pergunta sobre o meu gosto por escrever artigos relacionados a quadrinhos antigos e outros praticamente desconhecidos, é quando então me recosto na cadeira, encho o copo e conto essa história:
Sou leitor antigo, fui alfabetizado com revistas em quadrinhos, em minha casa haviam revistas por todos os cantos e dos mais diversos gêneros, portanto cresci lendo de Disney à Marvel, de Luluzinha a Flash Gordon, etc.
Comecei a colecionar de verdade em 1982, e em 2003 me cadastrei pela primeira vez em um fórum de quadrinhos, o que foi uma experiência interessante, pois a velocidade da circulação de informações e os debates gerados eram novidade para mim. Mas faltava uma coisa: falarem de quadrinhos antigos, pois a grande parte dos usuários era composta por leitores bem mais novos do que eu, quando então comecei uma série de tópicos “Fundo do Baú” que falavam sobre artistas antigos. Escrevia uma pequena biografia recheada de imagens bonitas, além de algumas curiosidades. A turma mais jovem curtia e os mais velhos matavam a saudade em tópicos sobre Esteban Maroto, Burne Hogarth, Alex Raymond, Harold Foster, entre outros.
Pouco tempo depois me entrosei com um site de scans, onde colaborei disponibilizando várias hq’s antigas de minha coleção, scaneadas durante o meu tempo livre, nesse período ajudei a completar os scans de Akira, scaneei o Dicionário Marvel, gibis antigos do Snoopy, Ferdinando, etc. até hoje encontrados na internet para download.
Como scanear me tomava muito tempo e exigia uma dedicação quase espartana, parti para o blog, mas para falar de que? Quadrinhos novos? Não! A concorrência é desleal neste segmento, me foquei então nos quadrinhos antigos.
Uma das máximas da internet são os textos enxutos e resumidos postados rapidamente, informando, mas sem aprofundar muito no assunto, e como tenho as minhas ressalvas a esse padrão, optei por posts mais longos e detalhados, de maneira mais rica possível para se tornarem referência para estudos e pesquisas.
Escrever o HQ Memória é algo que me dá prazer. Juntar material, garimpar revistas e sites, checar informações, traduzir textos, enviar questionários a autores, levantar curiosidades e coletar imagens, tornou-se um exercício de “arqueologia quadrinística”, o qual faço com bastante carinho.
Cada artigo escrito exige tempo e tranqüilidade para escrever, fatores que me faltaram durante um bom tempo, ao qual o blog ficou praticamente abandonado, sendo retomado ano passado, com postagens mais freqüentes, sem, porém perder a qualidade, e isso me gerou dois resultados:
– O convite para escrever sobre quadrinhos antigos (olha eles aí de novo!), para a revista Mundo dos Super-Heróis, em uma seção fixa.
– A ampliação de recursos, saindo do blog para se tornar site.
Escrevo sobre quadrinhos não como um expert, mas como um eterno estudioso e apaixonado pelas hq’s.
