Enquanto os comerciais de tv e rádio são limitados por um número fixo de exibições, os folders vem e vão pelas ruas e malas diretas, os banners na internet ainda tem um alcance limitado, os anúncios em revistas fazem parte do tipo de propaganda mais duradoura que existe.
O anúncio em mídia impressa (magazines, informativos, hq´s, etc..) têm, portanto, uma vida longa. Dificilmente uma revista será lida por apenas uma pessoa. Ela atravessa os meses e até mesmo os anos, seja em salas de espera em consultórios, prateleiras de sebos ou em coleções particulares. Isso tudo sem falar na relação custo/benefício que se comparada com as outras mídias, a mídia impressa normalmente têm um preço mais atraente e um alcance maior.
Mas quem anuncia e por que o anunciante é importante?
Os quadrinhos em sua grande maioria atingem os públicos infanto-juvenil e adulto, sendo o infanto-juvenil representante da maior fatia consumidora do mercado (roupas, bebidas, alimentos, brinquedos, eletrônicos, etc..).
Hoje em dia, uma das maiores revistas semanais de informação, com diversos jornalistas e colaboradores em suas páginas, tem todo o seu custo coberto pelos anunciantes.
Assim temos um veículo poderoso que atinge diretamente o público-alvo que mais consome, sem esquecer a cobertura do território nacional, e em alguns casos, a revista chega até Portugal.
A pergunta que não quer calar é: por que não temos anunciantes nas hq´s hoje em dia?
Tal presença acarretaria um aumento de tiragem, redução do preço de capa, o que, por conseguinte tornaria a publicação mais atraente e acessível. No entanto…
Mas essa situação sempre existiu? Já tivemos anunciantes em potencial nas hq´s? Que tipo de produtos já foram anunciados? Na matéria de hoje o HQ Memória faz um apanhado dos principais anúncios/anunciantes que investiram no público leitor de quadrinhos a partir da década de 60.
Com vocês o nosso patrocinador:
Cursos de Detetive
Geralmente patrocinados pela Escola de Investigações Bechara Jalkh, os anúncios que prometiam transformar o leitor em um moderno James Bond através de fantásticas técnicas de luta, visores de infravermelho, maletas-microfone, etc.. eram facilmente encontrados na terceira capa dos quadrinhos de faroeste da editora Vecchi (Ken Parker, Zagor, Tex, etc..).
Literatura esotérica e umbandista
A empatia do brasileiro pelo lado oculto era explorada em anúncios de livros de umbanda, candomblé, bruxaria, espiritismo kardecista, simpatias e venda de patuás mágicos. Tais anúncios eram constantes nas revistas Spektro, Histórias do Além, Pesadelo e Sobrenatural, da editora Vecchi.
Demais publicações
Muitas vezes os quadrinhos anunciavam livros de romance, humor, policiais, etc.. e geralmente incluindo junto um cupom de pedidos. Essa prática era unânime entre todas as editoras.
Cadernetas de Poupança
Em plena época do milagre brasileiro, o “enriquecimento” da nação se fazia sentir nas publicações infanto-juvenis da Bloch Editores, onde diversos personagens da Marvel Comics eram garotos-propaganda da Caderneta de Poupança Grande Rio. Esse tipo de propaganda nunca mais se repetiu, tornando o banco Grande Rio como o único no Brasil a investir na divulgação de seus produtos através das hq’s.
Brinquedos
EBAL, RGE, Cruzeiro, Globo, Abril e Panini foram as editoras que mais anunciaram em suas revistas diversas linhas de brinquedos, com destaque para Atma, Gulliver e Estrela.
Roupas
Fantasias de super-heróis, camisas com estampas de diversos heróis, jeans, malhas, tênis, botas e sandálias estiveram presentes em anúncios de até duas páginas, entre os anunciantes de destaque citamos as malhas Hering, jeans Staroup e tênis Íris.
Doces e sobremesas
Quem inovou nesse segmento foi a Danone com uma série anúncios de Danoninho que saiam sempre na contra-capa das publicações infantis da Abril na década de 80, onde além de divulgar o produto, ensinava que utilizando as duas embalagens vazias de Danoninho a criança poderia fazer um bonequinho especial. Os adereços e faces eram estampados no anúncio para a criança recortar e colar nas embalagens.
Não tem como esquecer as propagandas psicodélicas da goiabada Etti.
Bebidas
A febre nos anos 70 foi a Fanta uva, com anúncios em praticamente todas as publicações da EBAL. Curiosamente, apesar de a Fanta fazer parte do conglomerado da Coca-Cola, esta nunca se fez anunciar nas hq’s. Porém anunciou bastante na Seleções Readers Digest nas décadas anteriores. O falecido guaraná Brahma esteve presente nas publicações infantis da Abril.
Programas de TV
Nos rodapés das revistas da RGE na década de 60/70, vinham os anúncios dos seriados de TV e desenhos animados. Já a Bloch anunciava o programa do Capitão Aza. As quadrinizações de personagens da tv eram freqüentes (Trapalhões, Angélica, Faustão, Xuxa, etc..).
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